sexta-feira, 7 de março de 2008

Entrevista com Lennart Westerlund

"Eu vi mais dançarinos talentosos na primeira noite do workshop no Rio de Janeiro do que durante o ano passado inteiro a Suécia". Lennart Westerlund

Já conhecia o swing brasileiro (soltinho)? O que achou dele, tem equivalente em algum lugar no mundo?

Não conhecia o swing brasileiro. Pude perceber que é uma dança de personalidade distinta ao Lindy Hop mas se pode notar também que é parente dele (do Lindy Hop). Muito parecido ao swing brasileiro é uma dança suéca, o “Bugg” que é dançado ao som de música pop, mas com uma marcação de 6 tempos.


Tomou contato com outros ritmos brasileiros?

Sim eu fui no baile de dança de salão do Mauro Lima e Adriana Aguiar onde pude ver pessoas dançando samba entre outros ritmos. Gostei muito de ver as pessoas dançando samba. O Brasil é um país que possui muitos dançarinos talentosos. A música e a dança estão nas pessoas. Vi vários dançarinos talentosos no samba e outras danças.

Também fui no Sambóbromo ver o desfile da sapucai. Assisti a Imperatriz Leopoldinense e foi completamente espectacular! Nunca tinha visto nada igual. É difícil descrever o desfile pois é um fenomeno também relecionado com o público, a audiência que estava ali presente. As pessoas estavam realmente envolvidas, tanto as que desfilavam quanto as que assistiam. Antes de chegar ao Brasil pensava que o carnaval era um evento pequeno, mas vi que a cidade do Rio de Janeiro toda estava envolvida. O sambródomo mesmo, eu não imaginava que era tão fantástico! Foi muito emocionante ver a alegria contagiante das pessoas. As cores, a bateria, a música... Foi uma experiência transbordante.. Nunca vi nada igual!


Como está a popularização do Lindy no mundo, em que países ele está mais revigorado?

Hoje em dia o lindy está muito melhor distribuido pelo mundo do que nos anos 40. Nos anos 40 os salões americanos por todo país ferviam com os dançarino, negros e bracos de swing, mas não era tão distribuido pelo mundo como hoje em dia. Na década de 40 o lindy chegou a Europa e Austrália com os soldados que viajavam para a segunda guerra mundial, entrando assim em muitos países europeus e deixando ali algumas sementes. Também veio ao Brasil em 1941 com dançarinos do grupo de Herbert Whitey que realizaram shows no Cassino da Urca e no Cassino de Icaraí durante quase um ano consecutivo, pois não puderam voltar aos Estados Unidos devido a guerra.
O Lindy Hop está presente hoje em mais ou menos 50 paises. Sendo o Brasil, junto com a Estônia, o país com a menor número de adeptos do mundo.

Com exceção dos Estados Unidos, o Lindy Hop chegou a estes 50 países através de 2, 3 ou 4 pessoas que tiveram acesso ao lindy em outros lugares ou viram os filmes antigos, se apaixonaram pela música, ritmo e dança e começaram a pesquisar e ensinar Lindy Hop. Devido a tecnologia e internet do século 21 é muito fácil ter acesso a dançarinos de Lindy Hop de qualquer parte do mundo, o que torna possivel o contínuo aumento de adeptos. É bom lembrar também que o Lindy Hop não é uma cultura autêntica de nenhum dos países onde acontece hoje, com exceção, é claro dos Estados Unidos, que foi o berço para a dança.

O Estados Unidos ainda contém o maior número de dançarinos na atualidade. Isso é devido ao fato do Lindy Hop ser uma cultural americana, e de que nos anos 90 por uma propaganda de televisão da GAP, uma marca de roupa e alguns filmes americanos se tornou popular outra vez. A popularização começou nos anos 80, mas nos anos 90 as pessoas viram a dança, pois estava na media e tornou-se assim presente para vários grupos distintos de pessoas. O número de pessoas que dança Lindy Hop ainda está aumentando mas ainda voltou a ter um lugar privilegiado, de auge como nos anos 40, onde foi parte central da cultura americana contagiando milhares de pessoas nos Estados Unidos.



Qual sua avaliação a respeito dos workshops que ministrou? Nossos dançarinos levam jeito no lindy?

Como professor, é sempre muito bom encontrar pessoas que se interessam e vão a fundo com perguntas e indagações sobre a dança. Aqui no Rio eu tive a oportunidade de conhecer algumas destas pessoas que estavam presentes nas aulas e nos bailes. Como o Brasil em geral não possui um grande acervo de material com relação ao Lindy Hop que seja de fácil acesso as pessoas foi muito surpreendente conhecer dançarinos aficcionados com o Lindy Hop, que perguntavam sobre sua história, origem, elementos fundamentais, e que queriam saber mais a respeito dandança.

Nas aulas que ministrei pude conhecer pessoas muito talentosas. Desde a primeira noite do workshop no Alvaro’s Dance, onde dei uma aula introdutória, pude perceber que os brasileiros são carregados com ritmo e swing. Eles são privilegiados; têm o elemento fundamental para dançar: a música faz parte do corpo deles.
Eu vi mais dançarinos talentosos na primeira noite do workshop no Rio de Janeiro do que durante o ano passado inteiro a Suécia.

Se os brasileiros tem jeito para o lindy? O Brasil é uma sociedade musical, as pessoas possuem o jeito para a dança, têm o swing no corpo, e o sorriso no rosto.


Pretende voltar ano que vem?

Bom, vai depender da organização do Rio Swing Fest. Eu adoraria poder voltar e continuar espalhando sementes de lindy pelo Brasil. Se o II Rio Swing Fest acontecer, eu estarei aqui.

E você leva jeito para o samba?

Eu, no samba? A resposta é definitivamente não!

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